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Diretório Acadêmico de Educação Física

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terça-feira, 8 de outubro de 2013

CARTA DE APRESENTAÇÃO DA EXNEEF – GESTÃO 2013/2014




A Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física (ExNEEF), ao findar mais um ano e iniciar uma nova gestão vem por meio desta carta expor alguns apontamentos que o MEEF (Movimento Estudantil de educação física) reafirmou frente à atual conjuntura. Há menos de uma semana, ocorreu o ENEEF (Encontro Nacional de estudantes de educação física), realizado em Vitória –ES, onde o movimento conseguiu oxigenar seus debates e defesas, reafirmando o papel do MEEF frente ao processo de reorganização do movimento estudantil e da própria esquerda.

A ExNEEF é a entidade representativa dos estudantes de Educação Física a nível nacional. Divide-se em uma coordenação nacional e seis coordenações regionais, todas eleitas em plenária final a cada ano no ENEEF. As coordenações se organizam através de seus Conselhos Nacionais de Entidades de Educação Física (CoNEEF’s) e Conselhos Regionais de Entidades de Educação Física (CoREEF’s), que darão conta de organizar, nacional e regionalmente, as escolas e entidades, com espaços de formação e debate político em torno das questões referentes às especificidades da área (formação unificada, saúde, lazer, megaeventos esportivos, etc), em torno de questões pertinentes a universidade, conjuntura, opressões, entre tantos outros temas. Em sua plenária final, o ENEEF também elege as próximas sedes dos Encontros Regionais e Nacional, sendo estes construídos nos CoREEF’s e CoNEEF’s, respectivamente.

O MEEF/ExNEEF tem por referência quatro bandeiras históricas, a partir das quais o movimento constrói suas defesas e organiza sua atuação. São elas: (I) A defesa da Universidade pública, gratuita e de qualidade, referenciada nas demandas da classe trabalhadora, e que portanto nos colocamos na contrariedade à atual Contra-Reforma Universitária, implementada pelo governo PT; (II) A defesa da Licenciatura Ampliada enquanto projeto de formação humana, que se contrapõe à atual fragmentação da área entre Licenciatura e Bacharelado; (III) A regulamentação do trabalho, em contraponto à regulamentação da profissão defendida pelo sistema CONFEF/CREF; e (IV) A defesa de um outro projeto de sociedade, o projeto histórico socialista.

Além de empunhar tais bandeiras, a partir de seus posicionamentos, o MEEF constrói hoje dois instrumentos de diálogo com os estudantes, que são a campanha “Educação física é uma só! Formação unificada Já!”, a fim de impulsionar as lutas nos DAs/CAs em torno da pauta da formação em Educação física; e a Campanha “Dos Megaeventos eu abro mão! Queremos moradia, saúde, esporte e educação!” expondo o posicionamento do MEEF de contrariedade aos megaeventos que, por trás de toda aparência do desenvolvimento e ganhos para o país, carregam consigo a remoção de mais de 70 mil famílias, a naturalização do genocídio da juventude negra e a afirmação do esporte espetáculo, resumido meramente a mais uma mercadoria. Grandes investimentos na construção de estádios, arenas, vias e rodovias, garantindo o lucro dos grandes empresários e empreiteiros, à custa da precarização sistemática da saúde e da educação.

Em meio à crise global, que vem ano após ano se intensificando, principalmente através da retirada de direitos dos trabalhadores, está colocada a figura do PT e o papel que vem representando no Brasil enquanto um partido da ordem, implementando toda a cartilha neoliberal na qual já se baseavam Collor e FHC. Assim, o mesmo PT que nasce das mobilizações da classe, hoje se apresenta enquanto mais um dos instrumentos de lucro dos grandes empresários, o que se mostra na Reforma da previdência (2002), Reforma Universitária (2004), Privatização dos Hospitais universitários (iniciada em 2010), além de várias outras políticas de privatização da educação, saúde e do esporte, casada com a cooptação e a criminalização dos movimentos sociais que se colocam contrários a toda essa política.

Entendemos, portanto que o PT representa pra além de um simples partido, mas um Projeto em andamento, o Projeto Democrático Popular. O MEEF, mais uma vez em seu maior fórum de debates, negou tal projeto, entendendo que o mesmo não atende às demandas da classe trabalhadora. Tendo por base essa análise é que olhamos para as Jornadas de junho, quando pela primeira vez após dez anos de anestesia social, se tem um questionamento de massas à política colocada em curso pelos governos Lula/Dilma/PT.

Vivenciamos recentemente, a maior greve das Universidades federais desde a década de 90, que conseguiu criar a unidade entre servidores, docentes e estudantes e que, somada às mobilizações de junho, referendam uma análise: a UNE está falida para as lutas estudantis, havendo a necessidade de superação dessa entidade que hoje se coloca na contramão do movimento combativo e de luta. Dessa forma, em mais um encontro nacional o MEEF reafirma a deliberação construída em 2008 e que vem ano após ano referendando: de rompimento com a União Nacional dos Estudantes e a necessidade posta de se pensar novos instrumentos que consigam articular e dar unidade às lutas estudantis.

O MEEF mais uma vez delibera que uma nova entidade, pelas demandas do movimento e limitação do que está posto, se distancia da Assembleia nacional dos estudantes livres (ANEL), que não consegue dar respostas concretas as lutas estudantis, pois faz-se através de um método de construção do movimento, que tende a esvaziar o debate político das demandas do mesmo, subsumindo-as as demandas de partidos e coletivos organizados, expondo a necessidade do movimento retornar às bases, disputando consciências e de reafirmar a necessidade do novo, de um movimento estudantil autônomo, classista e anti-governista, despido dos vícios de autoconstrução e hegemonismo que vemos hoje na esquerda, casando esse debate da reorganização do Movimento Estudantil com as pautas específicas, no dia a dia da base dos estudantes.

Frente a esse período, de reorganização e fragmentação da esquerda, o MEEF se coloca em unidade nas lutas com os setores combativos e que se colocam em contrariedade aos ditames desse governo, posição que nos fez construir em 2011 junto a outros setores, a campanha pelos ‘10% do PIB para a educação pública já!’, e que mais uma vez, o movimento se dispõe a essa unidade, apontando a construção do Encontro Nacional em educação que ocorrerá em 2014 e que vem sendo articulado por diversos setores junto ao ANDES.

Convocamos a todos os estudantes de educação física, a construir o movimento na disputa por outro projeto de formação, de universidade e de sociedade, e que junto aos outros movimentos e categorias, consigamos avançar na construção de um projeto no qual o futuro se torne respirável*.

* “(...) crescemos
somente na ousadia
só quando transgrido alguma ordem
o futuro se torna respirável.” (M. Benedetti)


Saudações estudantis,

Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física - Gestão 2013/2014

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